sábado, 5 de março de 2016

Renascimento


[Texto de: 14 de Novembro de 2011]

Aqui estou eu, uso um vestido negro que me cobre o corpo em toda a sua extensão e, descalça, sinto a natureza a brotar debaixo dos meus pés.
Estou perdida e cansada, sento-me perto de uma árvore, aconchegando a minha cabeça nos meus joelhos, por uns momentos saio de mim e vagueio no mais interior dos meus pensamentos.
A revolta que sinto por todos me deixarem sozinha e indefesa, a cor que uso transmite a escuridão que reside em mim, a raiva e o ódio fundem-se e os meus sentimentos explodem.
NÃO, NÃO POSSO DEIXAR-ME LEVAR POR NEGATIVISMOS, POR MAUS SENTIMENTOS, ESSE NÃO É O MEU RUMO!

Volto ao meu corpo indefeso, sinto algo pousado nos meus ombros. Uma mão? Quem poderia ser?
Levanto a cabeça com medo do que vou encontrar pousado em mim, mas quando olho esse 'algo', vejo um brilho, uma luz que incide nesse corpo.
Mesmo assim, sacudi-lhe a mão do meu ombro, as pessoas enganam e eu estou farta de ser enganada! 
Ele apenas sorriu e esticou a mão na minha direcção, a minha reacção foi uma desconfiança terna, não queria confiar, mas aquele gesto e aquele sorriso juntos destruíram o meu coração, abriram uma porta para algo irreal que eu pensava não existir. Com algum receio peguei a mão desse homem e ele com mais um terno sorriso disse 'vem comigo...'.
Eu não me sentia preparada para sofrer outra vez. Eu não queria sofrer outra vez, mas algo me disse que ia ser diferente.

Corremos caminhos sem fim, rebolamos na relva que de tão verde que era, me dava uma felicidade enorme por me estar a esbanjar nela mesmo sendo com alguém desconhecido, demos as mãos, sorrimos um para o outro, tomámos banho num pequeno lago que ali se encontrava, de um azul cristalino puro e limpo. 

As noites escuras e tenebrosas deixaram de afogar o meu coração em trevas e maus presságios. Enquanto o ser ali descansava, olhei-o de soslaio e ao ver aquele corpo que dormia profundamente, algo dentro de mim estremeceu e acelerou os meus batimentos cardíacos. Pensei que algo de errado estava comigo, levantei-me e fui apanhar ar, voltei a encontrar o lago onde tínhamos estado há alguns dias e lembrei-me desse momento maravilhoso e divertido.
Tirei o vestido e mergulhei nas profundezas desse lago, sentia-me feliz apesar de gostar da minha solidão que foi a minha única companhia ao longo dos tempos. A água era morna e deslizava suavemente na minha pele, o meu cabelo flutuava e brilhava à luz da lua. No meu momento de pura intimidade, alguém se aproximou, não tive tempo de me vestir, novamente estava indefesa. Ouvi os passos, eram lentos e quase silenciosos, não fosse ter uma boa audição. Surgiu uma sombra e eu mergulhei novamente. Estremecia de medo debaixo de água, até que sinto uma mão no meu ombro e quando olho para trás... Era só ele. Lindo, radioso e atencioso como no primeiro dia que me encontrou. Fomos ao cimo da água e ele abraçou-me e disse 'nunca mais fujas de mim...não quero pensar no que te pode acontecer, és demasiado frágil para te deixar assim...'. 

Pela primeira vez senti que queria estar ao lado de alguém, queria sentir algo mais que solidão. Melhor, não queria sentir solidão. Agarrei-me a ele com toda a força e ao ouvido disse-lhe 'não me deixes...', ele por sua vez sorriu daquela maneira. Com aquele sorriso eu poderia distribuir amor a todo o Mundo, mas por alguma razão, queria que aquele sorriso fosse só meu. Eternamente meu.
 
A ouvir: Be Together - Major Lazer ft. Wild Belle (Vanic Remix)

Nana

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