segunda-feira, 7 de março de 2016

Parabéns Júlio

[Texto de: 19 de Janeiro de 2012]
Entraste na minha vida sem saberes como, sem saberes o que fazer...

Éramos puros desconhecidos, mas a pouco e pouco fomos conhecendo-nos. Muitas divergências tivemos, em termos de amizade e em termos de relação íntima, mas com calma tudo se resolveu, ou pensava eu que sim. Mas no que toca à amizade sempre estivemos lá um para o outro.

Fomos cúmplices durante 6 meses e eu não me vou esquecer de todos os segundos que passei a olhar para o teu sorriso que eu tanto prezava. Eu podia ser chata, tu podias não gostar totalmente de mim, mas isso não mudava o facto de que gostávamos bastante um do outro e sempre trataste de mim como se eu fosse algo demasiado precioso para ti.
Quando descobri o que tinha acontecido só queria correr e ficar ao teu lado até acontecer o óbvio. Óbvio esse que me deixou de rastos, sem forças para continuar, pois o teu sorriso iria desaparecer... 

Agora que te fostes, e pesar de termos deixado de falar após termos terminado a nossa relação, sinto um grande vazio em mim. Tiraram-me a alma, tiraram-me uma das essências da minha existência, tiraram-me o sorriso mais carismático e belo à face deste Universo.

Sempre me deste força para continuar, podias estar pior que eu, podia ter-te acontecido a pior coisa do Mundo, mas o teu sorriso estava sempre lá para me ajudar a erguer e a confiar nos meus instintos e nas minhas capacidades.
Apesar de todas as divergências, não deixo de me culpar por nos termos afastado, não eixo de me culpar por não ter ficado a teu lado até aos últimos momentos da tua vida, não deixo de me culpar por quando sentir a tua presença, sentir medo, não deixo de me culpar por a única coisa que consigo sonhar à noite, ser o teu corpo intacto.
Sei que a tua alma não residia mais naquele corpo, pois o teu sorriso estava escondido por um manto de serenidade enquanto dormias profundamente para nunca mais acordar. Nunca acreditei naquilo que estava a ver, só hoje me deparo com a falta da tua presença física e a falta das conversas que tínhamos.
Tinha orgulho na pessoa que eras, sempre alegre, sempre pronto a ajudar toda a gente, sempre a tentar aproveitar qualquer momento ao máximo.
Não merecias, pois tu davas um valor à vida que nenhum de nós consegue dar, nem eu que depois de tudo o que passei, consigo dar. Eras uma pessoa fantástica, com muito para viver e muito para dar, toda a gente te amava. De repente, Deus tirou-te o lugar neste Mundo que é a vida e todos ficaram perdidos, todos sentem a tua falta...

Dói? Não, destrói-me a alma por dentro, por saber que nunca mais vou poder resolver essas nossas divergências que deixámos em alto, que nunca mais vou poder ouvir a tua voz, que nunca mais vou poder ver e contemplar o teu sorriso, que nunca mais vou poder abraçar-te e dizer-te que podes falar comigo, que nunca mais vou poder sentir aquele nervoso miudinho por te ver...

O que me resta é guardar as boas memórias no meu pensamento, porque uma coisa te digo, nunca te irei apagar da minha consciência, nunca te irei substituir no meu coração, nunca me vou esquecer do sorriso meigo que tu me davas sempre que me vias. Vou guardar tudo o que me destrói dentro de mim, porque um dia vou finalmente acreditar que estás aqui ao meu lado a dizer-me ao ouvido 'Força Vânia, eu acredito em ti' e a única coisa que posso fazer é pedir-te desculpa pelos últimos momentos e agradecer-te por tudo aquilo que significaste.

Obrigada Júlio Ramalho e parabéns pelos teus 19 anos, sempre terei orgulho em ti :')

1993- 2011

A ouvir: Lips of an Angel - Hinder



Nana

sábado, 5 de março de 2016

Renascimento


[Texto de: 14 de Novembro de 2011]

Aqui estou eu, uso um vestido negro que me cobre o corpo em toda a sua extensão e, descalça, sinto a natureza a brotar debaixo dos meus pés.
Estou perdida e cansada, sento-me perto de uma árvore, aconchegando a minha cabeça nos meus joelhos, por uns momentos saio de mim e vagueio no mais interior dos meus pensamentos.
A revolta que sinto por todos me deixarem sozinha e indefesa, a cor que uso transmite a escuridão que reside em mim, a raiva e o ódio fundem-se e os meus sentimentos explodem.
NÃO, NÃO POSSO DEIXAR-ME LEVAR POR NEGATIVISMOS, POR MAUS SENTIMENTOS, ESSE NÃO É O MEU RUMO!

Volto ao meu corpo indefeso, sinto algo pousado nos meus ombros. Uma mão? Quem poderia ser?
Levanto a cabeça com medo do que vou encontrar pousado em mim, mas quando olho esse 'algo', vejo um brilho, uma luz que incide nesse corpo.
Mesmo assim, sacudi-lhe a mão do meu ombro, as pessoas enganam e eu estou farta de ser enganada! 
Ele apenas sorriu e esticou a mão na minha direcção, a minha reacção foi uma desconfiança terna, não queria confiar, mas aquele gesto e aquele sorriso juntos destruíram o meu coração, abriram uma porta para algo irreal que eu pensava não existir. Com algum receio peguei a mão desse homem e ele com mais um terno sorriso disse 'vem comigo...'.
Eu não me sentia preparada para sofrer outra vez. Eu não queria sofrer outra vez, mas algo me disse que ia ser diferente.

Corremos caminhos sem fim, rebolamos na relva que de tão verde que era, me dava uma felicidade enorme por me estar a esbanjar nela mesmo sendo com alguém desconhecido, demos as mãos, sorrimos um para o outro, tomámos banho num pequeno lago que ali se encontrava, de um azul cristalino puro e limpo. 

As noites escuras e tenebrosas deixaram de afogar o meu coração em trevas e maus presságios. Enquanto o ser ali descansava, olhei-o de soslaio e ao ver aquele corpo que dormia profundamente, algo dentro de mim estremeceu e acelerou os meus batimentos cardíacos. Pensei que algo de errado estava comigo, levantei-me e fui apanhar ar, voltei a encontrar o lago onde tínhamos estado há alguns dias e lembrei-me desse momento maravilhoso e divertido.
Tirei o vestido e mergulhei nas profundezas desse lago, sentia-me feliz apesar de gostar da minha solidão que foi a minha única companhia ao longo dos tempos. A água era morna e deslizava suavemente na minha pele, o meu cabelo flutuava e brilhava à luz da lua. No meu momento de pura intimidade, alguém se aproximou, não tive tempo de me vestir, novamente estava indefesa. Ouvi os passos, eram lentos e quase silenciosos, não fosse ter uma boa audição. Surgiu uma sombra e eu mergulhei novamente. Estremecia de medo debaixo de água, até que sinto uma mão no meu ombro e quando olho para trás... Era só ele. Lindo, radioso e atencioso como no primeiro dia que me encontrou. Fomos ao cimo da água e ele abraçou-me e disse 'nunca mais fujas de mim...não quero pensar no que te pode acontecer, és demasiado frágil para te deixar assim...'. 

Pela primeira vez senti que queria estar ao lado de alguém, queria sentir algo mais que solidão. Melhor, não queria sentir solidão. Agarrei-me a ele com toda a força e ao ouvido disse-lhe 'não me deixes...', ele por sua vez sorriu daquela maneira. Com aquele sorriso eu poderia distribuir amor a todo o Mundo, mas por alguma razão, queria que aquele sorriso fosse só meu. Eternamente meu.
 
A ouvir: Be Together - Major Lazer ft. Wild Belle (Vanic Remix)

Nana

sexta-feira, 4 de março de 2016

Multidão de sentimentos

[Texto de: 10 de Outubro de 2011]
 
Acordo embrenhada em pensamentos mortos e que afectam a minha renascença...
 
Quero esquecer o que mais me magoa, mas a dor é tanta que ela toda apaga a vontade do meu bem estar.
Caminhando por entre multidões, perdida no olhas das pessoas que passam e me empurram de um lado para o outro, como se não tivessem espaço, vou abrindo um novo caminho para a minha nova descoberta e talvez um 'level up' (só para a piada)...
 
As pessoas que me conhecem rodeiam-me, é quase impossível não esboçar um sorriso, por mais pequeno e falso que seja, é um sorriso... Parto à descoberta de novas pessoas que não conhecia e de quem tirei más impressões que agora vejo, que foram grandes más impressões, senti-me totalmente parte da sociedade de hoje em dia que não respeita ninguém, infelizmente, senti-me pior.
 
Depois de 3h de conforto volto à mesma etapa, multidões, encontrões, cuspidelas para o chão como se o Mundo pertencesse a eles, é meu, posso contaminar...
 
Sozinha, olho a paisagem, bonita, não queria que este momento acabasse, para ter de chegar à minha zona de conforto que à algum tempo se tornou na minha zona de desconforto por ser o sítio onde eu própria mais me magoo, sem querer... onde as pessoas mais me magoam...
 
Ter um coração feito de ferro dava jeito, talvez um dia peça a um ferreiro que me construa um coração de metal, não há-de ser impossível. Ou até mesmo pedir a um pedreiro, um coração feito de pedra, de qualquer das maneiras sentiria-me mais indestrutível...     
 
O cansaço é tanto de não conseguir dormir, não conseguir adormecer nem ao som de uma bela música calma e aconchegante... Fecho os olhos e imagens de momentos perdidos me vêm à mente, todos baralhados, até que formam uma sequência cronológica e tudo volta a fazer sentido.
 
Levanto-me, pois as minhas capacidades de pensar sempre no mesmo que me incomoda já são escassas e preciso de força para algo mais do que aquilo que não me merece.
A correr canso-me de uma forma saudável e em vez de repensar o perdido e inadquirido, penso no quão está calor e eu feita parva sou a única pessoa a percorrer uma rua deserta...
 
O cair da noite é suave e até me transmite uma calma delicada, mesmo assim o escuro cerca a minha alma não deixando que ela possa inspirar o mínimo oxigénio possível. A noite sufoca o meu ser, o meu cansaço, os meus pensamentos,... A dor começa a latejar no peito, não me sinto capaz de fazer com que esta escuridão me largue e me deixe cair, não me sinto capaz de gritar, nem de deixar que uma última lágrima percorra o meu rosto.     




Acordando novamente... Foi um pesadelo... Vivendo o dia com o pensamento de que isto tudo vai voltar a acontecer...outra vez...e outra vez...

A ouvir: This is Gospel (piano version) - Panic! At the Disco (a special someone was singing it to me)

Nana